Morte de bebê durante parto em Balneário Camboriú é investigada, e família denuncia falta de médico
Família diz que mulher passou mais de uma hora sendo submetida a uma tentativa de parto normal, acompanhada apenas por enfermeiras. Ela precisou passar por uma...

Família diz que mulher passou mais de uma hora sendo submetida a uma tentativa de parto normal, acompanhada apenas por enfermeiras. Ela precisou passar por uma cesárea de emergência. Pai relata que parto de bebê que morreu ocorreu sem a presença de médicos A Polícia Civil investiga a morte de um bebê durante o parto no Hospital Municipal Ruth Cardoso em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina. Segundo o pai da criança, Edemar Leitemperger, a esposa passou mais de uma hora sendo submetida a uma tentativa de parto normal, acompanhada apenas por enfermeiras, sem médico na sala. "Duas enfermeiras fazendo o parto da minha mulher, e o médico não está aqui". ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp A então gestante, Dayla Fernanda Pedroso Ramos, foi submetida a uma cesárea de emergência, mas o bebê não resistiu (entenda mais abaixo). Ela diz que as enfermeiras não perceberam que "não tinha passagem" para a criança sair. O caso ocorreu na última sexta-feira (24) e foi registrado em vídeos por Edemar, que acusa o hospital de negligência. A prefeitura informou que o médico responsável pelo atendimento foi afastado preventivamente "até que seja concluída uma sindicância para apurar se houve irregularidade ou negligência" (veja íntegra abaixo). Em nova nota, divulgada na quinta-feira (1º), a administração municipal citou a resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 0516/2016 e informou que partos de baixo risco, com evolução natural, são acompanhados por enfermeiras obstétricas (veja íntegra abaixo). Os pais do bebê afirmam, no entanto, que houve indução do parto, que deixou de ter evolução natural. Segundo o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC), há obrigatoriedade de equipe médica multidisciplinar, composta por gineco-obstetra e pediatra ou neonatologista em toda sala de parto, objetivando a redução de danos e riscos. Pai relata que parto de bebê que morreu ocorreu sem a presença de médicos Arquivo pessoal Relato Dayla relatou que chegou à unidade por volta das 8h com contração e dilatação do colo do útero de dois centímetros. Ela foi orientada a caminhar. Às 17h, a dilatação estava em seis centímetros, situação que se manteve até as 19h, quando o médico estourou a bolsa e deu um remédio para induzir o parto (veja cronologia completa mais abaixo). Ela entrou em trabalho de parto por volta das 22h, sem o médico por perto. "E eu com dor insuportável, sangrando, e as enfermeiras achando que era bolsa, mas não era. Meu bebê já estava passando da hora, porque eu, mesmo fazendo força, não tinha passagem [para o bebê sair], e ela [enfermeira] não sabia que eu não tinha passagem. Ela achava que o bebê ia sair", disse Dayla. Perto das 23h, um médico chegou à sala, conforme Edemar, que acompanhava a companheira em toda a situação. Ele disse que a equipe insistiu no parto normal até 23h10. Dayla também relatou essa situação. "Edemar foi chamar o médico que me atendeu, debochou da cara dele, continuou lá. O outro médico veio correndo e tentou fazer eu ganhar [o bebê]. Outra enfermeira subiu em cima de mim, empurrando o bebê para nascer. E quando o médico viu que eu não tinha passagem para ter um trabalho normal de parto, ele correu comigo para a cesárea. E ali o neném já não tinha mais batimento", relatou. Nas redes sociais, a prefeita de Balneário Camboriú Juliana Pavan voltou a se manifestar sobre a situação na quarta-feira (30), quando a procuradoria do município recebeu o documento oficial da Comissão de Óbito, que analisa a morte. "Essas informações são sigilosas, o que nos impõe limite até do que pode ser dito publicamente. Como gestora, digo que o que cabia à gestão nós fizemos. Inclusive, no sábado pela manhã, eu estive pessoalmente no hospital, determinei que toda a investigação iniciasse o mais rápido possível", disse. Polícia Civil investiga morte de recém-nascido no Hospital Ruth Cardoso O que diz a prefeitura Nota publicada em 26 de abril: Em cumprimento às diretrizes de gestão em saúde e com a finalidade de manter a transparência, a Prefeitura de Balneário Camboriú informa que, diante do óbito neonatal ocorrido no dia 25 de abril de 2025, no Centro Obstétrico do Hospital Ruth Cardoso, foram adotadas as seguintes medidas administrativas: Acolhimento à Família: suporte psicológico e informações sobre os procedimentos. Afastamento Cautelar: do médico obstetra responsável até esclarecimento das circunstâncias. Sindicância Interna: investigação das condições que levaram ao óbito. Protocolo com a Comissão de Óbito: análise sistemática do evento. Investigação pelo Comitê de Ética: conformidade das práticas assistenciais. Acesso ao Prontuário: solicitação do prontuário da gestante do acompanhamento pré-natal. Encaminhamento ao SVO: elaboração de laudo técnico. Além disso, determinamos a participação ativa da responsável pela rede Alyne a investigação, com prazo de 72 horas para entrega de parecer técnico, e notificamos a empresa responsável pelo serviço para o afastamento imediato do médico responsável pelo parto. A Prefeitura de Balneário Camboriú reafirma seu compromisso com a transparência e a qualidade dos serviços de saúde. Atenciosamente, Aline Leal, Secretária de Saúde Nota enviada em 1º de maio: A Prefeitura de Balneário Camboriú, por meio da Secretaria de Saúde, esclarece que o atendimento foi realizado de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, rede Alyne e diretrizes das boas práticas obstétricas. Partos de baixo risco, com evolução natural são acompanhados por enfermeiras obstétricas que são profissionais habilitadas e especialistas no processo de parto normal. Conforme resolução do Cofen nº 0516/2016 em seu Art. 1º que normatiza a atuação e a responsabilidade do Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz na assistência às gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascido nos Serviços de Obstetrícia onde ocorram nascimentos. O médico obstetra esteve presente na unidade durante todo o atendimento, em regime de plantão, disponível para intervir a qualquer momento, caso necessário. O modelo possui atuação integrada entre médicos e enfermeiras obstétricas, garantindo assistência contínua. Reafirmamos nosso compromisso com a ética e o respeito à experiência do nascimento. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias